FORMANDO PENSADORES

O blog 'Formando Pensadores' tem por objetivo incentivar o exercício da leitura de diferentes tipos de texto e pretende atingir leitores de todas as idades, provocando a reflexão, buscando promover o senso crítico e a capacidade de produzir opinião.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

ÉPOCA MEDIEVAL

Trovadorismo
Origem do trovadorismo, os trovadores, literatura medieval, literatura portuguesa, história da Idade Média, cantigas de amor, cantigas de amigo, de escárnio e maldizer, cancioneiros, livros, canções, música, uso de instrumentos musicais

trovadorismo
Iluminura medieval: trovador

Podemos dizer que o trovadorismo foi a primeira manifestação literária da língua portuguesa. Surgiu no século XII, em plena Idade Média, período em que Portugal estava no processo de formação nacional.

O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ribeirinha” (conhecida também como “Cantiga da Garvaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta fase da literatura portuguesa vai até o ano de 1418, quando começa o Quinhentismo.


Na lírica medieval, os trovadores eram os artistas de origem nobre, que compunham e cantavam, com o acompanhamento de instrumentos musicais, as cantigas (poesias cantadas). Estas cantigas eram manuscritas e reunidas em livros, conhecidos como Cancioneiros. Temos conhecimento de apenas três Cancioneiros. São eles: “Cancioneiro da Biblioteca”, “Cancioneiro da Ajuda” e “Cancioneiro da Vaticana”.

Os trovadores de maior destaque na lírica galego-portuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.

No trovadorismo galego-português, as cantigas são divididas em: Satíricas (Cantigas de Maldizer e Cantigas de Escárnio) e Líricas (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo).

Cantigas de Maldizer: através delas, os trovadores faziam sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões verbais. Em algumas situações eram utilizados palavrões. O nome da pessoa satirizada podia aparecer explicitamente na cantiga ou não.

Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada não aparecia. As sátiras eram feitas de forma indireta, utilizando-se de duplos sentidos.

Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do feudalismo, pois o trovador passa a ser o vassalo da amada (suserana) e espera receber um benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido).

Cantigas de Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o eu-lírico é um homem, nas de Amigo é uma mulher (embora os escritores fossem homens). A palavra amigo nestas cantigas tem o significado de namorado. O tema principal é a lamentação da mulher pela falta do amado.
RESPONDA:(4,0)
01. O que é Trovadorismo?
02. Quem eram os trovadores na época medieval?
03. Que tipos de cantigas foram criadas pelos trovadores?
04. Qual a cantiga que marcou o início do trovadorismo em Portugal e quem a escreveu?
05. Pesquise e leia cantigas: de amor, de amigo e satíricas. Transcreva aquela que mais lhe interessar.
06. A que tipo de canções modernas podemos comparar as cantigas medievais? Cite algumas delas.
07. Cite alguns compositores da MPB que produziram canções com características medievais?
08. De que maneira o feudalismo (sistema político da época) influenciou o artista medieval?


quarta-feira, 15 de abril de 2009

ANÁLISE TEXTUAL

Fala do Velho do Restelo ao Astronauta
(José Saramago)
Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.

Acendemos cigarros com fogos de nepalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.

No jornal de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.

Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de nepalme.

* Nepalme: segundo o dicionário Aurélio - século XXI é "gasolina gelatinizada e espessada por sais do ácido e palmítico, empregada em bombas incendiárias e lança-chamas". As bombas de nepalme foram empregadas pelos soldados americanos contra os vietinamitas na Guerra do Vietnã (1965-75).

ATIVIDADE EM GRUPO
O poema de José Saramago dialoga com Os Lusíadas de Camões.
Pesquisem:
01. A que parte de Os Lusíadas o poema faz referência? A quem o astronauta do poema de Saramago pode ser comparado, no poema de Camões? Quem são os interlocutores dessas falas? O que esses interlocutores tem em comum?
02. Ao mencionar nepalme Saramago remete o leitor a Guerra do Vietnã (1965-75). Busquem informações sobre essa guerra, para depois discutirem com os demais grupos e com o professor.
03. Esse poema foi publicado no final da década de 1960. Ele perdeu a atualidade? Ou pertence ao grupo de poemas que parece ter sido escrito "amanhã"? Por quê?