FORMANDO PENSADORES

O blog 'Formando Pensadores' tem por objetivo incentivar o exercício da leitura de diferentes tipos de texto e pretende atingir leitores de todas as idades, provocando a reflexão, buscando promover o senso crítico e a capacidade de produzir opinião.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"Ó PARÁ, QUANTO ORGULHA SER FILHO"


Só vendo
ZUENIR VENTURA 
Acostumados com o clichê preconceituoso que acredita não haver vida inteligente fora do eixo Rio-São Paulo, nos surpreendemos quando encontramos alguma atividade cultural em cidades do chamado "interior" — o "centro" somos nós, claro. Por exemplo: onde é possível reunir cerca de 650 mil pessoas, um terço dos moradores, para tratar de um assunto meio fora de moda, a leitura? Pois acabo de ver o fenômeno em Belém, na XIV Feira Pan-Amazônica do Livro, um dos três principais eventos do gênero no Brasil, este ano dedicada à África de fala portuguesa. Houve shows com Gilberto Gil, Lenine, Emílio Santiago, Luiza Possi, mas o destaque foram os R$30 milhões faturados com a venda de 500 mil volumes, superando, segundo os organizadores, a Bienal do Rio.
Há cidades brasileiras que só vendo. A capital do Pará é uma delas. Além de ser uma das mais hospitaleiras do país, gosta de seu passado e é hoje um exemplo de como revitalizá-lo. Já escrevi e repito que a intervenção que o arquiteto Paulo Chaves fez no cais da cidade, transformando armazéns e galpões na monumental Estação das Docas, é uma obra que não deve nada à que foi realizada em Barcelona ou Nova York (o prefeito Eduardo Paes devia ir lá ver). Outro genial exemplo de reaproveitamento é o centro onde se realiza a Feira, o Hangar, um gigantesco espaço que antes, como diz o nome, servia de estacionamento para aviões.
E não fica nisso. Há roteiros culturais como o do núcleo Feliz Lusitânia e seu Museu de Arte Sacra, onde se encontram uma Pietá toda em madeira, o São Sebastião de cabelos ondulados e a famosa N. S. do Leite, com o seio esquerdo à mostra dando de mamar. Sem falar nos museus do Encontro e de Gemas do Pará, e numa ida a Icoaraci para ver as cerâmicas marajoara, tapajônica e rupestre.
Para quem gosta de experiências antropológicas, recomenda-se — além dos 48 sabores regionais, a maioria, do sorvete Cairu — uma manhã no mercado Ver-o-Peso, onde me delicio nas barracas de banhos de cheiro lendo os rótulos: "Pega não me larga", "Amansa corno", "Afasta espírito", "Chora nos meus pés". Com destaque para o patchuli, que a vendedora me diz ser o cheiro de Belém. Mas antes deve-se passar pela área dos peixes: douradas, sardas, tucunarés, enchovas, piranhas, tará-açus. "Esse aqui é o piramutaba", vai me mostrando o nosso guia, o cronista Denis Cavalcanti; "aquele é o mapará, olha o tamanho desse filhote".
Desta vez, o ponto alto da visita foi uma respeitável velhinha fazendo o comercial do Viagra Amazônico para mim e o Luis Fernando Veríssimo: "O sr. dá três sem tirar, e depois ainda toca uma punhetinha". Isso com a cara mais séria do mundo algo, sem qualquer malícia, como se estivesse receitando um remédio pra dor de cabeça. Só vendo.
Publicado no Globo de 08/09/2010
Sempre me emociono quando alguém de longe visita a nossa terra e sai daqui falando bem de nossa gente. Obrigada, Zuenir Ventura, pelo carinho que nos reserva neste texto tão sincero!

MÁRIO QUINTANA E SUA MAIOR LIÇAO

"Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois"

PALAVRAS DE PAULO FREIRE

"Ai daqueles que pararem com a sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina."
Paulo Freire sempre será o gênio que nos impulsiona a continuar a jornada de educar as crianças , os jovens, mesmo sabendo, que a cada dia,  fica mais difícil fazê-los sentir o quanto é importante aprender para viver neste mundo selvagem.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Diante do Bullying não se pode tapar os olhos

Uma cena que está ficando banal nas escolas: um garoto empurra o outro, dá tapas no pescoço, chutes, puxões de cabelos. É exatamente assim que muitos meninos e meninas têm agido cada vez que encontram um colega que se deixa bater muitas vezes sem saber o motivo da violência. O garoto que bate ainda sorri e promete novas investidas. O que apanha, cala-se com expressão de medo, sem coragem de revidar. Muitos dizem que é para evitar o pior. Mas quase sempre o pior acontece às barbas da gestão, que muitas vezes, faz vistas grossa para não ter que tomar a atitude de afastar da escola, os envolvidos no bullying.
Cenas como essas são freqüentes. Um comportamento agressivo, quase sempre intencional e persistente. Tudo é motivo de ataque. Crianças e adolescentes têm sede de poder e de ter controle sobre a situação. Para eles, o espaço escolar que atualmente é o que lhes oferece maior liberdade, possibilita extravasar, colocar para fora tudo o que sentem. Diante do bullying a escola parece fechar os olhos. Todos sabem o que acontece, mas pouco se tem feito para resolver o problema. Ignorar parece ser a melhor saída. O medo toma conta de todos. E, algumas vezes, tenta-se inibir o bullying colocando nos corredores, policiais fardados, o que parece não resolver e nem ser a melhor estratégia. Alunos estão na escola para receberem educação, não podem ser vistos como bandidos, embora, infelizmente, agora, com a lei da inclusão, haja exceções.
Ações como intensificar a supervisão nos corredores, buscar orientação com pessoas preparadas para lidar com crianças e adolescentes com esse perfil, promover palestras educativas para alunos e pais de alunos, criação de um programa anti-bullying envolvendo professores e funcionários apoiados pelo Conselho Tutelar e principalmente contar com o apoio da família, pode ser que se consiga solucionar o problema. O que não se pode fazer é virar as costas e agir como se nada estivesse acontecendo.
O problema é de todos. É preciso urgentemente unir forças para atacar o bullying de forma a fazer a paz reinar no espaço escolar.
O alerta está dado se não funcionar seremos o próximo alvo.
(Profª Aricleide Tavares)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

OS SISTEMAS EDUCATIVOS NA AMÉRICA LATINA

Artigo - 15/01/2010

ANÁLISE COMPARATIVA DE SISTEMAS EDUCATIVOS E REFORMAS EDUCATIVAS DE PAÍSES INTEGRADOS AO MERCOSUL
A educação num contexto geral, e em especial na América latina não é exemplo para nenhum outro país do mundo. Os estudos realizados nos permitiram entender as transformações ocorridas nas últimas décadas no campo da educação dessa parte do mundo. A comparação entre a história de gerações mostra a evolução dos indicadores educacionais nesses países.
Os estudos realizados sobre o Paraguai, por exemplo, nos proporcionou conhecer ou pouco sobre o sistema educativo que presenciou 25 anos de ditadura num período pós-guerra. O que abalou a economia fazendo com que as verbas destinadas à educação fossem esmagadas, deixando a população num mar de problemas políticos, econômicos e sociais. Em 1989 a ditadura chega ao fim. Em 1992 foi criada a nova Constituição na qual se instituiu a Língua Guarani como língua oficial e obrigatório nas escolas, o que vem ajudar na educação das crianças das escolas rurais. Atualmente o ensino superior oferece poucas vagas, apenas para quem deseja realmente fazer um curso superior, pois os salários de graduados não é muito interessante. Em 1996 a Lei Geral da Educação foi instituída, então foi dado o primeiro passa para que a educação começasse a melhorar. O docente ainda não possui formação universitária, portanto a reforma não é vista na realidade, então podemos dizer que a educação no Paraguai ainda tem muitos caminhos a enfrentar.
A educação no Chile remonta a primeira metade do século XIX. Em 1981 iniciou-se uma reforma universitária e, em 1990 ocorreu uma reformulação na política educativa do país. Mas o que impulsionou as políticas educativas do Chile foram as privatizações de empresas públicas o que contribuiu para melhorar a economia proporcionando maior oferta de verbas para a educação. Pelos dados do PISA (2006) a educação chilena é considerada como uma das melhores do mundo, resultado de uma política organizada de aplicação de verbas. Um dos fatores que contribuiu para esse avanço, foi a política de inclusão digital obrigatória nas escolas. A partir disso ocorreu a valorização do profissional da educação oferecendo cursos de aprimoramento e qualificação. Hoje, 99,7% das crianças em idade escolar estão na escola. Esses são dados relevantes que mostram que o país está caminhando bem  nesse sentido.
Na Argentina as reformas permearam a década de 90, pois a Lei Federal de Educação está em constante reformulação. A última reforma ocorreu em   2006. Em relação ao ensino básico, a Argentina tem um dos melhores índices na Educação.
A Bolívia possui três idiomas oficiais, o espanhol e duas línguas indígenas. Por ter 2,3% de crescimento demográfico por ano o analfabetismo rural cresceu, porque as crianças que chegam a idade escolar, iniciam os estudos,  mas abandonam para ajudar os pais. Como o PIB do país é relativamente baixo, na Bolívia, gasta-se 23% com educação. Em 1995 uma mudança na economia promove um interesse em melhorar a educação. Só em 1999 ocorreu uma reforma educativa com caráter democrático. Em relação à educação indígena, observa-se que as crianças, na sua maioria abandonam a escola porque se deparam com o idioma espanhol, e por enquanto não há nenhuma política que favoreça maior apoio aos indígenas.
No Uruguai a situação educativa é bem parecida com os demais países. Com o regime militar criou-se um de educação, por isso é o país latino com menor índice de analfabetismo, considerando o valor reservado à educação. A partir dos 5 anos até os 14 a educação é obrigatória e gratuita.
A educação brasileira não é diferente, mas apresenta algumas políticas que a diferenciam dos demais países latinos. O atual governo criou uma série de projetos de amparo ao estudante: o  PDDE, o PDE, o FUNDEB, o PROUNI, o PROINFO, a BOLSA  FAMILIA, a BOLSA ESCOLA, o projeto ACELERAÇÃO, investimentos  que se fossem bem fiscalizados   certamente trariam um grande benefício as sujeitos do processo educativo.
Fazendo uma comparação dos problemas da educação brasileira com outros países da América Latina percebemos um problema básico no contexto educacional: a repetência escolar e a pobreza de conhecimento dos alunos  ocasionados  por problemas de equidade política e social.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
3.    KELLY,Garl P. A educação comparada e os problemas de transformação: um roteiro da década de 80. São Paulo. EDU.1989.