FORMANDO PENSADORES

O blog 'Formando Pensadores' tem por objetivo incentivar o exercício da leitura de diferentes tipos de texto e pretende atingir leitores de todas as idades, provocando a reflexão, buscando promover o senso crítico e a capacidade de produzir opinião.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

COTAS PARA QUÊ?

Acabo de ler uma reportagem da revista Época ( 31 d emaio) que me fez lembrar 2007, quando meu filho tentou vestibular para Medicina. Por isso ofereço aqui uma salva de palmas para os desembargadores da Justiça do Rio de Janeiro que derrubaram o sistema de cotas das Universidades Públicas do Estado. Não precisava nem rever a Constituição brasileira para saber que a política de cotas fere os princípios de igualdade para todos e reforça o preconceito e a discriminação racial. Infelizmente existem defensores ferrenhos que continuam encontrando razões que a própria razão desconhece e não percebem que o negro, o pobre e o deficiente brasileiro sempre desejaram fazer parte de uma sociedade inclusiva.
As cotas vierem para excluir, provar à sociedade que negro é negro, pobre é pobre e deficiente é deficiente que só merecem, protecionismo político com fins eleitoreitos. As cotas nada mais são que um engodo que alimentam preconceitos e produzem revoltas àqueles que passaram a vida investindo numa educação de qualidade para conquistar uma vaga numa Universidade Pública.
Aí vem a minha lembrança de 2007 quando meu filho tentava uma vaga em Medicina, o curso mais concorrido nas Universidades Públicas de Belém. Não nasci em berço explêndido e estudei em escolas públicas e sempre tive consciência do quanto é importante estudar, por isso investi na formação dos meus filhos que estudaram em escolas particulares por que o Ensino Público Fundamental e Médio enfrentam deficiências gravíssimas, afinal sou professora e reconheço que existe falta de políticas públicas que melhorem o nível de ensino dessas escolas.
Dediquei toda atenção e gastei com enciclopédias, fitas de vídeos, CDs, DVDs e outras mídias de armazenamento que porporcionaram a meus filhos uma boa formação. Embora preparado, meu filho mais novo não foi aprovado no Vestibular para Medicina, perdeu a vaga para um cotista de Escola Pública que recebeu uma nota bastante inferior a dele. Foi uma injustiça. Fiquei decepcionada e meu filho frustrado que acabou mudando de curso. No ano seguinte passou em Engenharia.
Tudo isso me fez perceber que este país não amadurecerá se continuar aprovando projetos assistencialistas e injustos que só ajudam a reeleger políticos medíocres. Acredito que as cotas não vieram para ficar e o país precisa sim de políticas de financiamento estudantil que incentivem àqueles que desejam ingressar numa Universidade. O que não podemos permitir é que as cotas nos transformem em atores que fingem que acreditam no fim do preconceito e da discriminação contra pobres e negros.